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História das Eleições Municipais de Americana .

Capítulo 1 - A fundação e a primeira Câmara Municipal

 

Prefeitos

Jorge Gustavo Rehder (1925-1927)

Prefeito de Americana - Ângelo Orlando (1927-1928)

 

Presidentes da Câmara

Liráucio Gomes (1925-1926; 1927-1928)

 

O município de Vila Americana foi criado por lei estadual em 12 de novembro de 1924, sendo instalado oficialmente em 15 de janeiro de 1925. Nesta data, foi realizada a primeira sessão da Câmara Municipal, para instalação do município, posse dos vereadores e eleição da Mesa Diretora. Liráucio Gomes foi eleito o primeiro presidente da Câmara Municipal. Foi também eleito o primeiro Prefeito Municipal, Jorge Gustavo Rehder, que exerceu o cargo no período de 1925 a 1927. A eleição era indireta e Rehder foi eleito pelos próprios vereadores. Ângelo Orlando, que também era vereador da primeira legislatura, foi eleito prefeito para o mandato de 1927 e 1928.

 

A legislatura de 1925 teve sua vigência por curto período, pois outra eleição ocorreu no mesmo ano, para o triênio de 1926 a 1928. Os mesmos vereadores da primeira legislatura foram eleitos para o triênio seguinte. O vereador Liráucio Gomes foi novamente eleito o presidente da Câmara Municipal, sendo reconduzido nos anos seguintes. Ele ocupou o cargo até o final do mandato, em 15 de janeiro de 1929.

 

     
 
 
 
 
Capítulo 2 - Era Vargas - O fechamento da Câmara e os prefeitos nomeados
 

Prefeitos

Carlos Mathiensen (1929-1930)

Nomeados: Joaquim SIlveira Rosa (1931), Antônio Zanaga (1931 a 1933), Erich Rehder (1933), Bento de Toledo Rodovalho (1933 a 1934), Paulo Furini (1934 a 1935) e Leopoldo Viriato de Saboia (1935 a 1936)

 

Presidente da Câmara Municipal

Jorge Gustavo Rehder (1929-1930)

 

Em 1929 inicia-se a segunda gestão municipal desde a emancipação, com a eleição do prefeito Carlos Mathiensen, pertencente ao Partido Republicano Paulista, majoritário na política do estado na época. Ele recebeu cinco votos dentre os vereadores, contra 1 voto para Fortunato Basseto. Jorge Redher, até então prefeito, foi eleito presidente da Câmara para o triênio 1929-1931, também com cinco votos.

 

Com a revolução de 1930, o início da Era Vargas e a dissolução do Congresso, a Câmara Municipal foi fechada e o interventor capitão Hiran de Oliveira assumiu a chefia do Executivo. Nesse período de transição, foram nomeados prefeitos Joaquim SIlveira Rosa (1931), Antônio Zanaga (1931 a 1933), Erich Rehder (1933), Bento de Toledo Rodovalho (1933 a 1934), Paulo Furini (1934 a 1935) e Leopoldo Viriato de Saboia (1935 a 1936).

 

Americana só voltaria a ter um prefeito eleito e uma câmara de vereadores em 1936.

 
 
 
Capítulo 3 - Um respiro de democracia abafado pelo Estado Novo
 

Prefeitos

Antonio Zanaga (1936-1941)

Nomeados: Dr. João de Castro Gonçalves (1941-1946); Augusto Jacob (15/11/46 a 31/12/46); Fausto Mantovani (01/01/47 a 31/05/47); Jayme Feola (01/06/47 a 30/01/48)

 

Presidente da Câmara

Herman Müller (1936-1937)

 

Após anos de prefeitos nomeados e Câmara fechada, os desdobramentos da Revolução Constuticionalista de 32 em São Paulo levaram à promulgação de uma nova constituição estadual, em 9 de julho de 1935 - feriado que é comemorado atualmente. A Lei Orgânica dos Municípios estabeleceu que no domingo, dia 15 de março de 1936, o povo do Estado de São Paulo elegeria prefeitos e vereadores.

 

Em Americana o Partido Republicano Paulista novamente saiu vencedor. Herman Muller foi eleito presidente da Câmara, Dr. João Castro Gonçalves vice e, em votação secreta entre os vereadores em 25 de maio de 1936, Antonio Zanaga foi eleito prefeito municipal.

 

Em novembro de 1937, Getúlio Vargas institui no Brasil o Estado Novo e fecha novamente o Congresso Nacional, o que causou também o fechamento da Câmara Municipal. Antonio Zanaga foi prefeito até 1941, quando João Castro Gonçalves foi nomeado por decreto do interventor estadual Dr. Fernando Costa, à epoca nomeado por Getúlio Vargas para governar o estado.

 

Apesar do Estado Novo ter terminado em 1945, quando Vargas é deposto, Americana continuou a ter seus prefeitos nomeados por mais dois anos: Augusto Jacob, vice-prefeito, assumiu por um mês no final de 1946. Fausto Mantovani foi nomeado em janeiro de 1947, mas seu vice, Jayme Feola, assume em junho do mesmo ano, ficando até 30 de janeiro de 48.

 

A redemocratização aconteceria só em 1947, quando Americana finalmente teria novas eleições e uma nova Câmara Municipal. Este será o tema do próximo capítulo.

 

 

Capítulo 4 - A primeira Câmara após a redemocratização
 

Prefeito

Antonio Pinto Duarte (1948-1951)

 

Presidentes da Câmara

Fausto Mantovani (1948); José Paciulli (1949); Enéas Assis Saes (1950-1951)

 

Com o fim do Estado Novo e a promulgação de uma nova Constituição Federal em 1946, o Congresso Nacional foi reaberto. Em janeiro de 1947 foram realizadas eleições gerais no país, para a escolha de governadores, senadores, e deputados estaduais e federais. As eleições municipais ocorreram em novembro, com a vitória de Antonio Pinto Duarte, candidato do PSD (Partido Social Democrático).

 

De família industrial, Duarte continuou o processo de desenvolvimento econômico da cidade que transformaria Americana no principal pólo têxtil do país. Foi também durante seu governo que foi lançada a pedra fundamental da Basílica de Santo Antônio, a inauguração da segunda usina hidrelétrica da cidade, na Represa do Salto Grande, e a primeira legislação em torno do ordenamento da cidade.

 

Já na Câmara, foram eleitos 12 vereadores para a 1ª legislatura após a redemocratização, de 1948 a 1951: Antonio Zanaga, Arnaldo Júlio Mauerberg, Eneas Assis Saes, Estevan Faraone, Fausto Mantovani, Gê Godoy, James Roderick Jones, José Gregorio de Macedo, José Paciulli, Lazaro Rodrigues Azenha, Olympio Gazzeta e Sabato Ferraro.

 

Fausto Mantovani, prefeito nomeado em 1947 que governou por cinco meses, foi eleito pelos vereadores como o presidente da Câmara após a reabertura. O segundo presidente da Câmara foi José Paciulli, que comandou o legislativo m 1949. Paciulli foi responsável pela fundação do Tiro de Guerra de Americana e viria a ser o primeiro deputado estadual eleito pela cidade, em 1951. Naquela legislatura, a Câmara teve ainda um terceiro presidente: o médico Dr. Eneas Assis Saes, que foi provedor da Irmandade de Misericórdia de Americana e posteriormente seria diretor clínico do Hospítal São Francisco. Ele presidiu a Câmara em 1950 e 1951.

 

 

 

 

Capítulo 5 - A criação da comarca e a primeira mulher candidata

 

Prefeito

Jorge Arbix (1952-1955)

 

Presidentes da Câmara

Chalil Zabani (1952); Nicolau João Abdalla (1953-1954); Orlando Dei Santi (1955)

 

As eleições municipais de 1951 tiveram três candidatos para prefeito. Dr. João de Castro Gonçalves, importante nome na política americanense na época, concorreu pelo PSD - partido do ex-presidente Eurico Gaspar Dutra; José Aranha Neto, pelo PRT (Partido Republicano Trabalhista); e Jorge Arbix, do Partido Social Progressista, mesmo partido do governador do estado, Lucas Nogueira Garcez, eleito um ano antes (fundado por Ademar de Barros em 1946, era o maior partido de São Paulo). Descendente de turcos e dirigente do Rio Branco FC, Arbix venceu a eleição municipal com Romeu Luchiari como seu vice. Foi durante sua gestão que Americana foi elevada à categoria de comarca, através de lei estadual de 30 de dezembro de 1953. A cidade passava então a possuir um Fórum próprio, desvinculando-se de Campinas.

 

Para a segunda legislatura após a redemocratização, a Câmara teve um aumento no número de vereadores, de 12 para 16. Foram 57 candidatos e um registro especial: esta foi a primeira eleição, nos registros da Câmara Municipal de Americana, da presença de uma mulher como candidata a vereadora: Faustina de Almeida Chiaravalotti candidatou-se pelo PRT, mas não foi eleita.

 

Foram reeleitos Antonio Zanaga e Gê Godoy e eleitos quatorze novos nomes: Abrahim Abrão, Alcindo Dell'agnese, Antonio Dias Ferraz, Carlos Liepin, Chalil Zabani, Dirceu Cunha, Estevan Faraone, Francisco Pinto Duarte, Geraldo Gobbo, José R. De Carvalho, José Rodrigues Azenha Sobrinho, Nicolau João Abdalla, Orlando Dei Santi e Thomaz Fortunato.

 

Durante esta legislatura, a Câmara teve três presidentes: Chalil Zabani, em 1952; Nicolau João Abdalla, em 1953 e 1954; e Orlando Dei Santi, em 1955.

 

 

 

 Capítulo 6 - A eleição com menor diferença de votos da história de Americana

 

Prefeito

 

Abrahim Abraham (1956-1959)

 

Presidente da Câmara

Nicolau João Abdalla (1956-1959)

 

As eleições municipais de 1955 aconteceram simultaneamente à eleição presidencial que daria a vitória a Juscelino Kubitschek. Curiosamente, em Americana Kubitschek ficou em terceiro, recebendo menos votos que Juarez Távora, da UDN, e Ademar de Barros, ex-governador de São Paulo, do PSP.

 

Em outubro daquele ano, a população americanense foi às urnas para escolher prefeito, vice-prefeito e quinze vereadores. Os candidatos a prefeito eram Abrahim Abraham, então vereador, Antônio Pinto Duarte, que havia sido prefeito entre 1948 e 1952, e James Jones. A disputa foi acirradíssima e a diferença foi de pouco mais de cem votos: Abrahim Abraham recebeu 2944, contra 2831 de Antonio Pinto Duarte (James Jones teve 254 votos). Na época, os eleitores também votavam para vice-prefeito e Lázaro Rodrigues Azenha teve 3022 votos, contra 2755 do ex-presidente da Câmara José Paciulli.

 

Abrahim Abraham foi responsável pela inauguração do Mercado Municipal (1959), pela doação da área que se transformaria no primeiro estádio de futebol de Americana - estádio Victório Scuro, onde jogava o “Vasquinho” e pelo planejamento da atual Avenida Antonio Pinto Duarte.

 

Para a 3ª legislatura, foram reeleitos Alcindo Dell'agnese, Chalil Zabani, Dirceu Cunha, José Rodrigues Azenha Sobrinho, Nicolau João Abdalla e Orlando Dei Santi e eleitos Cidélio Medon, Gildo Boer, José Eduardo De Freitas Crissiuma, José Paciulli, Odaly Ortolano, Oscar Ignacio De Souza, Plínio Bonin, Rogério Zanaga De Camargo Neves, Romeu Benotto.

 

Nicolau João Abdalla, presidente da Câmara em 1953 e 54, recebeu votos em todas as urnas de Americana e foi o vereador mais votado com 710 votos, mais que o dobro que o segundo colocado, Dirceu Cunha, com 319. Ele seria escolhido pelos vereadores para os quatro anos da legislatura, sendo o único vereador na história a presidir a Câmara por dois mandatos seguidos.

 

 

Capítulo 7 - Os curiosos votos de protesto nas cédulas 

 

Prefeito

Cid de Azevedo Marques (1960-1963)

 

Presidente da Câmara

Wadih Calil (1960)

Nicolau João Abdalla (1961-1963)

 

As eleições municipais de 1959 tiveram três candidatos a prefeito: Jayme Feola, ex-prefeito; Alcindo Dell’Agnese, vereador em seu segundo mandato, e Cid de Azevedo Marques, disputando sua primeira eleição.

 

Na época, a eleição era realizada com cédulas de papel e os eleitores escreviam o nome de seu candidato de preferência. Segundo relato de jornais da época, diversos bilhetes foram encontrados nas urnas contendo piadas, sátiras ou críticas aos candidatos - todos sendo obviamente registrados como votos nulos. O curioso era a criatividade dos eleitores: em uma urna, uma cédula registrou um voto para Pelé e Gilmar, jogadores da seleção brasileira. Em outra cédula, foi registrado um voto para o Rinoceronte Cacareco -  uma rinoceronte fêmea do Zoológico de São Paulo que nas eleições municipais da capital recebeu cerca de 100 mil votos, sendo um dos mais famosos casos de voto de protesto da história política brasileira.

 

Embora um nome menos conhecido que os concorrentes, Cid de Azevedo Marques foi vencedor com 4.157 votos, contra 3.480 para Jayme Feola e 2.959 para Alcindo. Foi eleito pela UDN, a União Democrática Nacional, partido de orientação conservadora frontalmente opositor às políticas e à figura de Getúlio Vargas. Durante sua gestão, foi inaugurada a Feira Industrial de Americana, a FIDAM, na época ainda no salão de festas da nova igreja Matriz de Santo Antônio.

 

Seis vereadores da legislatura vigente se candidataram à reeleição, mas apenas dois, José Azenha e Nicolau João Abdalla, foram reeleitos. Abdalla, presidente da Câmara nos quatro anos anteriores, foi pela segunda vez consecutiva o candidato a vereador mais votado, com 1263 votos. Apenas ele e o Dr. Estevam Faraone, com 866 votos, foram eleitos de maneira direta. 

 

Os demais alcançaram a eleição através do quociente eleitoral obtido pelas coligações: Abdo Najar Agenor Beraldo, Antonio Pereira Leite, Antonio Zanaga (ex-prefeito), Cidney Luchiari, James Roderick Jones, João Baptista de Oliveira Romano, Jorge Arbix (ex-prefeito), José Rodrigues Azenha Sobrinho, José Valentim Casati, Lázaro Rodrigues Azenha, Onofre Boer e Wadih Calil. 

 

Na posse da Mesa Diretora, Wadih Calil e Abdo Najar foram candidatos à presidência. Calil foi eleito presidente da Câmara para o ano de 1960 com nove votos. Najar teve apenas um - exatamente de Calil, num ato de elegância típica da época. Nos três anos seguintes, de 1961 a 1963, novamente Nicolau João Abdalla seria eleito presidente da Câmara, sendo a personalidade que por mais anos dirigiu o legislativo americanense.

 

 

 

Capítulo 8 - A eleição mais folclórica da história de Americana

 

Prefeito

Jairo de Azevedo (1964)

 

Presidente da Câmara

João Baptista de Oliveira Romano (1964)

 

As eleições municipais de 1963 foram, sem dúvida, as mais folclóricas da história de Americana. De um lado, o vereador e ex-prefeito Jorge Arbix, buscando um segundo mandato com o vereador Abdo Najar como candidato a vice. Do outro, Jairo Azevedo, fiscal de renda estadual vindo de São Pedro. Populista, em 1958 havia sido eleito deputado estadual pelo PRP (Partido Republicano Progressista) com uma campanha sem dinheiro, apenas distribuindo pirulito para as crianças e combatendo a elite.

 

Segundo relatos da época, Jairo, apoiador do então presidente João Goulart, usava uma capa preta imitando o deputado federal Tenório Cavalcanti da UDN (União Democrática Nacional), justiceiro no Rio de Janeiro, que andava com uma metralhadora sob a capa e a chamava de Lurdinha. Jairo o imitava com uma capa preta e fazia discurso inflamado contra a elite e contra os turcos, numa alusão negativa aos concorrentes Jorge Arbix (descendente de turco) e Abdo Najar (sírio). 

 

A apuração dos votos foi tensa: urna a urna, Jairo e Arbix se revezavam na liderança, ora abrindo vantagem de centenas de votos, ora empatando novamente. Com a apuração das últimas urnas em que votaram atiradores do Tiro de Guerra e eleitores novos, cujos títulos foram transferidos em sua maioria pelo trabalho de Jairo de Azevedo, sua vantagem foi aumentando e a vitória foi sacramentada, com 304 votos a mais que Jorge Arbix.

 

Nas eleições a vereador, a votação refletiu o resultado positivo do partido trabalhista que apoiava Jairo, elegendo cinco nomes: Arlindo Scoriza, Jayr de Camargo, José Geraldo Bertini, Willey Cordenonsi e Paulo Francisco Baldim. O mais votado foi João Batista de Oliveira Romano, que em seu segundo mandato recebeu 721 votos, e acabaria sendo eleito presidente da Câmara para o início da legislatura, em 1964. A eleição de 1963 foi importante também por marcar a introdução na vida política de figuras ilustres da cidade: foi nesta eleição que Décio Vitta, Jessyr Bianco e Waldemar Tebaldi se elegeram vereadores pela primeira vez.

 

A posse de Jairo de Azevedo também foi folclórica em janeiro de 1964. Casou no mesmo dia na igreja matriz de Santo Antonio ao lado da então Câmara Municipal (hoje o batalhão da Polícia Militar, no centro da cidade). Saiu numa charrete da igreja com a noiva e foi tomar posse com uma batucada de samba atrás. A esposa, ainda com vestido de noiva, assistiu a posse e dali saíram mais uma vez em desfile com a charrete.

 

Jairo governaria apenas até junho de 1964, nos desdobramentos da implantação do regime militar no Brasil. Mas essa é história para o próximo capítulo.

 

 

 

 Capítulo 9 - Os dias de chumbo da ditadura

 

Prefeito

João Baptista de Oliveira Romano (1964-1968)

Javert Galassi (1968)

 

Presidente da Câmara

Jayr de Camargo (1964-1965)

Itabajara Fonseca (1966)

Waldemar Tebaldi (1967)

Décio Vitta (1968)

 

Nos primeiros meses da legislatura que se iniciou em 1964, a crise política no Brasil vivia novos e intensos capítulos a cada dia. Setores conservadores da sociedade brasileira, sob o temor de que o Brasil viesse a se transformar em uma ditadura socialista similar à praticada em Cuba, se organizaram para combater o governo de João Goulart.

 

No dia 31 de março  de 1964, mesmo dia em que eclodiu o golpe de estado que instituiu a ditadura militar, constava na pauta da Câmara a entrega do título de cidadão americanense para João Goulart, homenagem proposta a pedido do prefeito Jairo de Azevedo, apoiador fervoroso do presidente Jango. Quando o projeto foi colocado  em discussão, começaram a  chegar via rádio as  primeiras notícias sobre  os  militares.  O presidente da Câmara, João Romano, tentou mas não conseguiu adiar a discussão. A votação da homenagem empatou e Romano decidiu, votando contra.

 

Na sessão seguinte, João Goulart já havia caído e Jairo de Azevedo teve seu afastamento decretado pela Câmara Municipal. O vice-prefeito, com medo, colocou o cargo à disposição, então João Batista de Oliveira Romano, presidente da Câmara, assume a prefeitura. O processo de impeachment de Jairo de Azevedo só seria instaurado depois. Como o Ato Institucional nº 1, baixado pelo governo militar, terminava em 16 de julho e Jairo não foi cassado, o prefeito eleito entrou na Justiça com mandado de segurança, que foi concedido. Contudo, o Tribunal de Justiça cassou a liminar e Romano permaneceu como prefeito até fevereiro de 1968. Durante a ditadura, Javert Galassi foi nomeado prefeito de fevereiro a dezembro de 1968 - tendo como sua primeira ação a desapropriação de uma área entre a Avenida Brasil e a Rua Presidente Vargas para a construção do paço municipal, que hoje leva seu nome - e Romano voltou a comandar a prefeitura por dois meses, antes de Americana voltar, em 1969, a ter um prefeito eleito.

 

Ao contrário do que ocorreu durante o Estado Novo, a ditadura militar não fechou o congresso, as assembleias legislativas estaduais e as câmaras municipais. Com João Romano assumindo a prefeitura, coube ao vice-presidente da Câmara, Jayr de Camargo, assumir a presidência da Câmara Municipal de Americana de 1964 a 1965. Itabajara Fonseca foi presidente em 1966 e Waldemar Tebaldi em 1967. Com a posse do general Costa e Silva como presidente da república em 67, as eleições gerais que aconteceriam naquele ano foram adiadas e os mandatos prorrogados até 1968, ano em que Décio Vitta assumiu a presidência da Câmara.

 

 

 

 

 

Capítulo 10 - A disputa MDB x Arena 

 

Prefeito

Abdo Najar (1969-1972)

 

Presidentes da Câmara

Jessyr Bianco (1969-1970)

Wladimir Angelino Faé (1971-1972)

 

Com o Brasil ainda sob a sombra da ditadura, a população de Americana foi às urnas em 15 de novembro de 1968 para escolher prefeito e 15 vereadores para o mandato de 1969 a 1973. O sistema bipartidarista imposto pelo regime militar obrigou os partidos políticos a se reorganizarem em dois grupos: um alinhado com o regime (a ARENA, composta por políticos mais conservadores, a maoiora os extintos UDN e PSD) e outro na oposição (o MDB, formado por centro-esquerda e liberais democratas).

 

As eleições de Americana tiveram quatro chapas concorrendo à prefeitura, duas de cada partido. Pelo MDB, candidataram-se José Geraldo Bertini (então vereador) e Plínio Bonin em uma chapa e Abdo Najar (ex-vereador e candidato a vice derrotado na eleição anterior) e Gildo Boer (vice-prefeito eleito com Jairo de Azevedo em 1963, mas que acabou renunciando ao cargo por conta do golpe militar) em outra. Já pela Arena, concorreram Abrahim Abraham (prefeito de 1956 a 1960) com o vice Fernando Gonçalves e Francisco Pinto Duarte Filho com Anselmo Cione. 

 

Durante a campanha, Abdo Najar e Abrahim Abraham despontaram como favoritos e disputaram o votos urna a urna. Najar foi eleito com 7.296 votos, contra 5.035 do ex-prefeito, alcançando cerca de 39% dos votos válidos. Gê Bertini recebeu 3.551 e Francisco Pinto Duarte Filho, 1721. Durante sua gestão, diversificou o parque industrial de Americana, abriu novas ruas e deixou avenidas mais largas.

 

A campanha para vereador também foi dividida entre os dois partidos e o MDB saiu vitorioso, assim como aconteceu na campanha para prefeito: dos 15 vereadores eleitos, dez foram do partido de oposição e 5 da Arena. O ex-prefeito Jairo Azevedo, eleito em 1963 e removido do cargo, candidatou-se a vereador pela Arena mas obteve apenas 332 votos. Em franca ascensão política em Americana, Waldemar Tebaldi (MDB) foi o vereador mais votado, com 1.113 votos. Também foram reeleitos Décio Vitta, João Baptista de Oliveira Romano (ambos pela Arena) e Jessyr Bianco (MDB), que seria presidente do Legislativo em 1969 e 1970. 

 

Fundador do Jornal O Liberal, Jessyr foi funcionário concursado da Câmara Municipal por muitos anos na década de 50 antes de se eleger vereador. Durante seu mandato, ocorreu a mudança na Lei Orgânica do Município (promulgada na época pela Assembleia Legislativa) que permitia, por força de atos do sistema federal, a prorrogação do mandato dos presidentes dos legislativos. No entanto, Bianco não aceitou a prorrogação e presidiu a eleição de seu substituto, que seria Wladimir Angelino Faé. Em homenagem ao histórico de Jessyr Bianco, a biblioteca da Câmara Municipal leva seu nome, conservando jornais da cidade desde a década de 50 e livros relacionados a leis federais, municipais e estaduais.

 

 

 

Capítulo 11 - O prefeito mais jovem da história de Americana 

 

Prefeito

Ralph Biasi (1973-1976)

 

Presidentes da Câmara

José Aparecido Castilho (1973-1974)

Leonel Benotto (1975-1976)

 

Ainda sob o sistema bipartidarista imposto pelo regime militar, as eleições municipais de 1972 permaneceram com candidatos da Arena e do MDB. Para acomodar as correntes internas da Arena, partido oficial do governo, que tinha políticos oriundos dos antigos rivais UDN e PSD, foram criadas sublegendas, que permitiam o lançamento de até três candidatos por partido. Vencia aquele que tivesse mais votos na soma das sublegendas, o que também favoreceu a Arena na maioria dos municípios. O partido governista tinha diretórios (e candidatos) em todos os 3.971 municípios de então.

 

A Arena fez a maioria dos vereadores e elegeu 3.322 prefeitos contra 468 do MDB em todo o país. O general presidente Emílio Garrastazu Médici celebrou o resultado como um sinal de aprovação direta a seu governo. Nas 20 capitais, houve eleições apenas para vereador e os prefeitos foram indicados pelos governadores, todos da Arena  – com exceção da antiga Guanabara, cujo governador também era alinhado ao regime, apesar de filiado ao MDB.

 

Entretanto, em Americana mais uma vez o MDB saiu vitorioso na disputa para prefeito. A eleição teve a participação de seis chapas, um número recorde até então, e vários nomes importantes da política local: pela Arena, concorreram o então vereador Amílcar Tanganelli, o ex-presidente da Câmara Décio Vitta e o ex-prefeito Jairo Azevedo. Pelo MDB, os candidatos foram Gildo Boer (ex-vice-prefeito), Javerte Galassi (ex-prefeito) e um jovem engenheiro de 25 anos que havia acabado de iniciar a vida política: Ralph Biasi.

 

Com uma campanha popular e uma ascensão surpreendente, Ralph foi eleito com 9.067 votos, à frente de Amílcar Tanganelli, segundo colocado, que recebeu 6.147. Durante sua gestão, realizou um novo planejamento viário e novo plano diretor, deu início à concepção do bairro Antonio Zanaga e construiu o Viaduto Centenário - até então, Americana só possuía o viaduto Amadeu Elias. Depois, foi eleito deputado federal e foi Ministro da Ciência e Tecnologia. Faleceu em 2017, aos 69 anos.

 

Nas eleições para vereador, a disputa entre Arena e MDB foi mais acirrada e os votos foram bem mais divididos que na eleição anterior: o MDB obteve oito cadeiras e a Arena, sete. Foi uma campanha de renovação: apenas quatro vereadores se reelegeram e dois dos reeleitos comandaram o legislativo durante a 7ª legislatura: José Aparecido Castilho de 1973 a 1974 e Leonel Benotto de 1975 a 1976. Foi no início desta legislatura, em 1973, que a Câmara e a prefeitura se mudaram para a nova sede: o paço municipal construído na Avenida Brasil.

 

 

 

 Capítulo 12 - A Lei Falcão e a tentativa de silenciar os candidatos da oposição

 

As eleições municipais de 1976 aconteceram dentro do processo de “abertura controlada” anunciado pelo presidente Ernesto Geisel em 1974, com afrouxamento da censura e diálogo em torno das reformas. A estratégia dependia da manutenção do controle do Congresso pela Arena, mas o MDB conquistou uma vitória maciça nas eleições parlamentares de 74, enfraquecendo a ditadura.

 

Por conta disso,  o governo implementou a “Lei Falcão”,  que proibia os candidatos de fazer qualquer tipo de pronunciamento no horário eleitoral do rádio e da TV. Os partidos só poderiam divulgar o nome, o número e um breve currículo de cada candidato, além de sua fotografia na TV. A Lei foi uma reação da ditadura à derrota eleitoral de 74, quando os candidatos do MDB utilizaram a propaganda de rádio e TV para denunciar os problemas do país.

 

Aprovada no Congresso com os votos da Arena, a lei tinha o objetivo de calar a oposição, mas foi apresentada pelo governo como um “aperfeiçoamento democrático”, que permitiria “maior equilíbrio” na disputa eleitoral. A nova legislação esvaziou a propaganda eleitoral e vigorou por quatro eleições, até o pleito municipal de 1984, quando foi revogada.

 

A estratégia deu resultado e a Arena venceu as prefeituras da maioria das cidades do país, mas em Americana, que havia eleito prefeitos do MDB nas duas eleições anteriores, as pesquisas durante a campanha mostravam que a cidade continuava alinhada ao partido de oposição: estatísticas apontavam uma diferença de cerca de 5% a favor do MDB, que tinha como principal candidato o ex-vereador Waldemar Tebaldi. Contudo, o candidato que liderava as pesquisas era o ex-prefeito Abdo Najar, que concorria pela Arena. 

 

Vale lembrar que, com o sistema bipartidarista, os dois partidos apresentavam várias chapas e quem vencia a eleição era o candidato mais votado dentro do partido vencedor, e não simplesmente o nome que recebia mais votos na urna. Este sistema causava situações inusitadas, como comícios de um mesmo partido com três candidatos a prefeito dividindo o palanque. Também concorriam pelo MDB José Vicente de Nardo e Antônio Lemos da Silveira, e pela Arena Onofre Boer e Amílcar Tanganelli.

 

Najar permaneceu à frente de Tebaldi durante quase todo o processo de apuração, mas como a vantagem do MDB sobre a Arena permanecia sólida, a vitória de Tebaldi parecia assegurada. Ao final, Tebaldi ultrapassou Najar e venceu com pouco mais de cem votos a mais. A vitória do MDB, entretanto, superou as expectativas, obtendo quase quatro mil votos de vantagem sobre a Arena. 

 

Na eleição para a Câmara, o MDB também alcançou maioria - foram 9 cadeiras contra 6 da Arena.  José Geraldo Moraes Sampaio, do MDB, foi o mais votado com 1.841 votos. Nomes conhecidos não conseguiram a reeleição, como Jorge Arbix e Jayme Feola.

 

Durante este período, presidiram a Câmara Municipal de Americana José Aparecido Castilho (1977-1978), Vicente Sacilotto Neto (1979-1980) e Sebastião Marques Ricetto (1981-1982). O mandato que deveria terminar em 1980 foi ampliado por dois anos pelo Congresso e novas eleições municipais aconteceriam apenas em 1982 - mas isso é assunto do próximo capítulo.

 

 

 

 

Capítulo 13 - Abdo é o mais votado, mas Carrol vence

 

Em 1980, o Congresso decidiu prorrogar mandatos de prefeitos e vereadores de 4.000 municípios semanas antes da data marcada para a votação. A justificativa oficial para o adiamento era a de que não havia tempo suficiente para que os partidos cumprissem antes da eleição todas as formalidades previstas na reforma partidária de 1979, que permitiu a existência de mais partidos além da Arena e do MDB, as duas únicas legendas legalizadas durante a maior parte da ditadura. O objetivo era dividir o MDB antes das eleições para a Câmara e o Senado em novembro de 1982. O partido da oposição já detinha 45% das cadeiras na Câmara dos Deputados e começava a receber dissidentes da Arena.

 

A luta  pela democracia foi ganhando corpo com a extinção do AI-5 e a promessa do preidente Figueiredo de restablecimento da democracia no país. Na eleição geral realizada em 15 de novembro de 1982, além de deputados federais e estaduais, senadores, prefeitos e vereadores, a população pôde, pela primeira vez em quase vinte anos, eleger também o governadores.

 

Graças à abertura para a criação de mais partidos, Americana teve um número recorde de candidatos a prefeito:  foram 13 no total. Os partidos ainda podiam apresentar mais de uma chapa, pois a regra da eleição permanecia a mesma - o prefeito eleito seria o mais votado dentro dos candidatos do partido, e não o candidato que individualmente recebesse mais votos. E foi o que acabou acontecendo em Americana: embora Abdo Najar tenha recebido 17.478 votos, o prefeito eleito foi Carrol Meneghel, que recebeu 11.622. Isto porque a soma de Carrol com os outros dois candidatos do PMDB (antigo MDB) - Frederico Polo Muller e Marco Antonio Biasi - foi de 28.506, contra 19.250 do PDS (antiga Arena) - que tinha também Geraldo Pinhanelli e Luiz Euclides Rovina como candidatos. Naquela eleição, também apresentaram candidatos o PT, o PDT e o PTB.

 

O aumento populacional e a reforma eleitoral fizeram com que Americana passasse a contar, a partir de 1982, com 17 vereadores - dois a mais que nas legislaturas anteriores. O PMDB elegeu a maior bancada, com 9 cadeiras, enquanto o PDS teve 5. PT, com duas, e PTB, com uma, completaram a Câmara. Os mais votados foram Same Najar (PDS), com 1.351 votos, Joaquim Aparecido de Oliveira (PT) com 1.348 e Adelino Sebastião Andreli (PMDB), com 1.308. O mandato também foi de seis anos, como na legislatura anterior, e presidiram a Câmara no período Abelardo Fonseca Neto (1983-1984), Luiz Antonio Miante (1985-1986) e Rubens da Silva (1987-1988).